Expedição: Irlanda

Tempo nublado, comida sem sal, cerveja Guinness e ovelhas. A Irlanda é tudo isso com muita chuva. Mas nem o mau tempo impede que essa terra seja encantadora

01/10/2017 Expedição Caroline Corso Caroline Corso

Havia terminado a faculdade de jornalismo em agosto de 2013. No mês seguinte, peguei o avião e rumei para a Irlanda, a terceira maior ilha da Europa. Fiquei lá por dez meses para estudar e trabalhar (muito). Finalmente cumpria o sonho de fazer intercâmbio, conhecer lugares novos e aperfeiçoar o meu inglês.

A Irlanda é incrivelmente chuvosa. O céu cinzento e nebuloso faz parte da paisagem desse país na maioria do tempo, o que me deixava um pouco depressiva. Mas adaptar-se em qualquer lugar é uma característica latente de qualquer brasileiro, principalmente quando o local oferece melhores estruturas e condições de vida do que nossa própria pátria. O Sol é motivo de alegria para o povo de lá. Pode estar cinco graus de temperatura, se há dia ensolarado, é hora de tomar banho de mar, usar um calção e ir para as ruas e parques. Ficar em casa é proibido, pois é preciso aproveitar as raras aparições de tempo bom.

O mau clima, a ansiedade e o nervosismo de estar em ritmo de adaptação em um novo lar ajudam na ingestão de uma dieta (bem) calórica. Consegui engordar uns 15 quilos durante minha estadia na ilha. Qualquer pãozinho ou biscoito são incrementados com boas doses de manteiga em suas receitas. Ao contrário disso, sal não existe na comida. Se alguém quiser esse tempero, terá que pedir ao garçom. Achei uma medida saudável, mas bem difícil de aceitar no início. Porém, com o tempo, o paladar se transforma e fica mais fácil de reconhecer o gosto peculiar de cada alimento nas refeições.

Nas paisagens da Irlanda há muitas fazendas, estas cheias de ovelhinhas, animais que estampam vários souvenirs vendidos no país. Dublin, a capital, é a maior cidade da ilha, com mais de meio milhão de habitantes em uma área de 114,9km². Depois vem Galway, um lugar charmoso localizado no oeste da ilha, onde há festas e bares com músicas típicas da cultura Irish.

Para conseguir trabalho na Irlanda, vale a regra básica: quanto melhor for o domínio da língua inglesa, mais fácil será para conseguir um bom emprego. No entanto, é essencial avaliar as condições que cada empregador propõe para o estrangeiro. Muitas meninas foram exploradas trabalhando como babá por lá. Eu inclusive fui uma. Várias reportagens foram veiculadas em jornais irlandeses e brasileiros denunciando os abusos que algumas famílias cometiam a suas colaboradoras. Havia situações em que a meninas, além de ganharem menos de quatro euros a hora e trabalharem mais horas do que o combinado, eram assediadas pelos homens da casa.

Intercâmbios são cheios de perrengues também, vão muito além das fotos bonitinhas de Facebook e Instagram. Tem muito estudo, muito trabalho, medo, ansiedade e saudades. Mas valeu a pena (principalmente quanto à arte cervejeira. Tomar uma Guinness cremosa não tem preço). Foi uma grande oportunidade de mudança, de ampliar opiniões e conceitos. Muitos amigos ainda vivem por lá e não pensam em deixar a Ilha de Esmeralda tão cedo. Já, para mim, um ano foi o suficiente. Acho que prefiro dias mais claros, de preferência, na maioria do tempo.


 

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