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No entalho do próprio brinquedo

Foi ao fazer seus brinquedos quando pequeno que José Pedro Vanaz
aprendeu a arte de talhar miniaturas em madeira

05/11/2015 Na Estrada Carol Corso e Matheus Huff Bruna Bueno

Segundo o dicionário, brinquedo é um objeto usado para atividade lúdica. Além disto, eles podem ser mais simples do que muitas versões modernas que as lojas vendem hoje. Uma boneca de pano ou um pedaço de madeira imitando um cavalo eram suficientes para brincar de “faz de conta”. E justamente um simples pedaço de madeira deu início à história de José Pedro Vanaz como artesão. O empresário de 65 anos começou entalhar os próprios brinquedos na infância e hoje domina a arte em madeira com propriedade.

Vanaz diz que, quando guri, morava na Fazenda Estrela e sua família não tinha muitos recursos. Por isso, ele mesmo fazia os brinquedos que usava. “Aprendi a trabalhar com a madeira usando a imaginação”, comenta o empresário, que depois de “velho”, melhor financeiramente e com mais tempo livre, começou a se dedicar ainda mais ao artesanato.

Vanaz é conhecido em Vacaria por suas miniaturas em madeira. Por mais que não se considere um artista, o empresário é um curioso da arte de entalhar e aprendeu a técnica através de pesquisas. Na chácara do empresário há um galpão em que são guardadas a maioria de suas obras e recordações: tropas de osso, brinquedinhos em madeira, miniaturas de ferramentas e a principal de todas: A Evolução do Transporte.

HISTÓRIA CONTADA EM MINIATURAS

A Evolução do Transporte é uma coleção iniciada em 2012 em que Pedro retratou os modelos de veículos de carga existentes ao longo dos séculos. O empresário não recorda de onde veio a ideia para a criação, mas alguns itens são lembranças de sua infância e histórias que ouvia, enquanto outros foram frutos de pesquisa em revistas antigas e internet.

O conjunto inicia com a Zorra, um tipo de trenó puxado por um animal, criado por escravos com o intuito de carregar pedras para taipas. Há também o carro de boi com rodas raiadas. Vanaz explica que os espanhóis foram os que trouxeram este veículo para o Brasil. Em seguida, mostra a versão portuguesa da mesma carroça, desta vez com rodas maciças em que havia apenas dois buracos os quais, dependendo do diâmetro, faziam um som peculiar, que diferenciava cada transportador.

“O que mais me motiva a fazer este trabalho é o retorno e o apoio que recebo do público”
Pedro Vanaz

Há diversos tipos de carroças replicadas. Na sequência, há também o primeiro caminhão motorizado, um modelo inventado em 1886 na Alemanha pelos engenheiros Karl Benz e Gottlieb Daimler.

O último caminhão da linha do tempo da coleção é um Scania Série 4 atual, rico em detalhes e esculpido a fiel semelhança do design original.

Cada exemplar tem detalhes característicos e rodam impecavelmente. “Os modelos mais antigos eu fiz olhando as fotografias. Os mais recentes tive que medir para garantir que a escala saísse perfeita”, explica Pedro. Cada modelo demora, em média, um mês para ficar pronto. As peças de cada miniatura são produzidas separadamente para depois serem acopladas. Vanaz faz todo o trabalho sozinho.

O PINHEIRO CAÍDO QUE VIROU ARMÁRIO

Qualquer madeira nas mãos de Pedro Vanaz se transforma em relíquia exclusiva. Até um pinheiro caído durante um temporal foi esculpido e virou um armário em que o empresário guarda seus troféus e álbuns de fotos.

“Quando vi a foto do pinheiro derrubado, imaginei que teria utilidade se fosse bem trabalhado” Pedro Vanaz

Vanaz também talhou um caminhão para seu filho Marcelo há 40 anos. A peça ainda existe e hoje quem brinca com ele é seu neto Arthur, de cinco anos. Arthur adora o avô e se inspira nele, tanto que até prometeu fazer um caminhão para a equipe da C20, já que aprendeu a pregar e martelar.

O comerciante sempre exibe suas obras em feiras da região, mas sem pretensão comercial. “Nunca vendi meus artesanatos e nem tenho interesse”, afirma.

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