Cultura afro-brasileira

3 de Agosto é marcado pelo dia do capoeirista e, por esse motivo, vamos mostrar o trabalho de um dos grupos de capoeira de Vacaria, comentando as alegrias e dificuldades de trabalhar com uma das manifestações mais fortes da cultura popular brasileira

01/08/2019 Artistas Carolina Padilha Alves Tiago Sutil

A capoeira, nada mais é, do que uma expressão cultural, nascida no Brasil, que engloba o canto, dança, música e artes marciais. Por isso, a pessoa pode praticar, jogar ou lutar capoeira, pois todas as palavras estão corretas em seu uso.

Ela é uma luta de defesa e ataque, criada pelos escravos fugitivos, sem ligações religiosas, e foi uma prática proibida no Brasil até 1930, quando passou a ser reconhecida como um símbolo da identidade brasileira. Em 2014, um salto maior aconteceu: a Capoeira foi declarada Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco.

Em Vacaria, ela existe desde 1994, quando surgem os primeiros grupos, Raízes D’África e Guerreiros dos Palmares. Hoje, Ricardo Rosa Ribeiro, o Carqueja, é um dos responsáveis pelo A.C.A.P.O.E.I.R.A, grupo que está na ativa desde 2005 em nossa cidade. Sob a supervisão do mestre Gororoba e mestre Capixaba, todas as terças, quintas e sábados, Ricardo, com a ajuda do instrutor Luciano Ramos, o Jesus, ministra aulas particulares para alunos que vão desde os três anos, até a terceira idade, mostrando que essa arte pode ser praticada em qualquer momento da vida.

Além desses encontros semanais, acontecem projetos sociais, encabeçados pelos instrutores, mas também por alguns alunos já habilitados a dar aulas, que ocorrem em locais como a APAE, no Salão Paroquial do bairro Municipal, em Muitos Capões e no CAPS.

No A.C.A.P.O.E.I.R.A, existem em média cento e setenta pessoas, entre alunos e instrutores, porém, em nossa cidade, mais dois outros grupos que capoeiristas também realizam um trabalho parecido, o que configura um número grande de cidadãos envolvidos com essa cultura. Mesmo com tanta gente apreciando e praticando, as dificuldades de visibilidade continuam as mesmas de alguns anos atrás.

“Estou no mundo da capoeira há mais de vinte anos e ainda noto uma resistência e preconceito quando a cultura negra é apresentada. Recebemos pouquíssima ajuda governamental, o que inviabiliza a realização de alguns projetos, e por isso damos a cara à tapa para vencermos as dificuldades”, comenta Ricardo.

O instrutor ainda fala sobre o clima de nossa região, que sofre com frios extremos e, já que a capoeira é praticada de pés descalços e uniformes leves, no inverno, por motivos de saúde, fica complicado para todos os alunos conseguirem comparecer nas aulas.

“Já fui algumas vezes para o Espírito Santo para aprender mais sobre capoeira, e agora pretendo ir para a Bahia, onde tudo começou. Lá o clima é favorável, é a terra onde a maioria dos mestres nasceram, a cultura é massivamente negra e a visibilidade é muito maior. Quero trazer a mesma força e aprendizados para meus alunos gaúchos”, complementa Ricardo.

De 24 a 27 de Outubro, ocorrerá um evento em Vacaria, onde capoeiristas da região metropolitana do estado, assim como de cidades vizinhas, Santa Catarina e Paraná, virão para participar, onde serão ministrados cursos com mestres de Porto Alegre e do Espírito Santo. Alguns momentos destes dias serão abertos para a comunidade e tudo acontecerá na Casa do Povo.

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