10 anos de Inegociável

Neste mês, a seção dos Inegociáveis comemora 10 anos de existência. Seção esta que se tornou a queridinha dos leitores e que fez com que muitos apaixonados por carros antigos colecionassem nossas edições, guardando consigo cada história de amor que contamos entre o dono e a raridade que possui na garagem. Vamos relembrar, entre tantas relíquias, alguns destaques, além de apresentar a retrospectiva especial do colecionador Franco Stedile, este que mais vezes exibiu seus veículos em nossa revista

01/01/2021 Especiais Carolina Padilha Alves Penélope Fetzner

Foi em Janeiro de 2011 que a Revista C20 apresentava a seção dos Inegociáveis, que consiste até hoje em contar lindas histórias de pessoas aficionadas por carros antigos e que tratam suas antiguidades como verdadeiros membros da família.

Para dar início ao tema, o primeiro automóvel convidado foi o Fusca 1200, ano 1966, de Felipe Foscarini, que apareceu na 25ª edição da revista. Já em Maio do mesmo ano, decidimos dar atenção aos apaixonados pelas duas rodas, e demos evidência para a CB 750 Four 1976, de Emílio Camargo, sendo esta a primeira moto a ser publicada na C20.

Abrangendo ainda mais todos os públicos, em Maio de 2013 mostramos Frederico Salvador e sua Ford 350, que serviu a toda uma comunidade agrícola durante mais de cinco décadas, sendo o primeiro veículo da colônia. Seu Frederico, hoje com 84 anos, ainda é o proprietário desta raridade.

Para o mês dos namorados de 2014, contamos a história de Neivo, Rita e seu Freca-Freca, um veículo artesanal, usado como ganha pão do casal, já que nele levava a serra usada para cortar lenha nas casas. Atingindo 40 km/h, o carrinho recebeu faróis, lanternas, teto, espelhos retrovisores, para-choques e para-brisa.

Em Julho de 2014, Antônio Varaschin, que apareceu algumas vezes em diferentes edições com seus carros antigos, nos mostrou sua Variant TL Luxo 1972, inteiramente original e nostálgica. Pulando para o início do ano de 2018, os irmãos Evandro e Elizandro Wonsovicz, da cidade vizinha de Bom Jesus, nos possibilitaram fazer uma matéria com seu Mustang Mach 1, carro de beleza incontestável e com um ronco extremamente marcante, que chama atenção por onde passa.

Para finalizar nossa rodada de destaques destes dez anos, não poderíamos deixar de fora o caminhão Mad Max de Ivo Cesar de Vargas, que passou praticamente a vida toda rodando as estradas do país com seu parceiro, um Fiat 190H 1980 que ganhou o símbolo da FNM (Fábrica Nacional de Motores e conhecida popularmente por FeNeMê), como uma homenagem a única empresa a produzir caminhões em solo brasileiro.

As raridades de Franco Stédile

Franco Stédile é um dos maiores colecionadores de carros antigos do Rio Grande do Sul, o qual possui negócios em Vacaria e Caxias do Sul, dividindo seu tempo entre as duas cidades. Nós do C20 tivemos o prazer de conhecer e escrever matérias sobre nove carros de sua enorme coleção e vamos relembrá-los agora, em ordem cronológica de aparição.

  • Em Junho de 2011, mostramos, pela primeira vez, um automóvel do colecionador Franco Stédile. O caminhão Six Speed 1927 já era raro, não somente por ser antigo, mas por ser o único encontrado na América Latina e, assim como os seguintes, foi totalmente restaurado em Vacaria;

  • Já em Abril de 2013, apresentamos o Lincoln Continental 1966, arrematado por Franco em um leilão do Museu de Tecnologia da Ulbra, em 2009. O conversível, que pertenceu à família de John F. Kennedy, ex-presidente dos Estados Unidos, é conhecido pelo seu visual limpo e estilo clássico;

  • Na revista C20 de Outubro de 2013, falamos sobre a Internacional L120, que nos lembrou os anos 50 por sua simpatia e delicadeza;

  • No próximo ano, Abril de 2014, o Camaro Z/28, que é considerado um dos maiores clássicos esportivos do mundo, teve suas fotos e história estampadas nas páginas de nossa edição;

  • Em Março de 2015, a pick-up inglesa Armstrong Siddeley deu as caras, havendo apenas outras duas unidades do modelo Station Coupe 1948 no Brasil, e outras cinco ao redor do mundo;

  • Em Abril de 2016, a história de uma raridade entre os veículos utilitários, a Ford F-1 de 1948, foi contada. Ela, que foi trazida de São Paulo para Vacaria, ostenta força e durabilidade, já que foi um veículo criado para o trabalho agrícola;

  • A elegância e imponência do Cadillac Coupe de Ville 1960, foi trazido para a edição de Setembro de 2018, o qual foi inspirado em uma turbina de avião e contém balas de fuzil em sua grade frontal;

  • O Hupmobile Century Eight 1930, publicado em Dezembro de 2019, chama atenção pelo revestimento dos bancos e forro de porta diferenciado, feitos com couro de vaca.

O nono automóvel que veremos a seguir é uma reportagem inédita, feita especialmente para a edição comemorativa dos 10 anos da seção dos Inegociáveis!

Espetáculo à parte

O carro que vamos apresentar agora, ficou, literalmente, de parar o trânsito após a restauração finalizada. Inclusive, tornou-se difícil fazermos as fotos do automóvel, já que pessoas pararam ao redor para tirarem o máximo de informações sobre aquelas quatro rodas difíceis de serem vistas andando por aí. A Bel-Air Station Wagon 1957, de Franco Stedile, é potente, imponente e considerada extremamente rara no mundo dos antigos

Após dois anos e meio, entre idas e vindas, a restauração da Bel-Air 1957 foi finalizada. Seu atual proprietário, Franco Stedile, um dos maiores colecionadores de carros antigos do Rio Grande do Sul, encontrou sua carcaça na garagem de um amigo, também colecionador, e trouxe para seu barracão.

“Todo mundo me chamou de louco quando resolvi comprá-la. O estado era deplorável, com ferrugem por todos os lados, mas mesmo assim eu vi um potencial nela”, relembra.

A Bel-Air Station Wagon, modelo 210, já é uma raridade por si só, porém ainda fica mais difícil de ser encontrada quando possui apenas duas portas, como é o caso desta. Em sua maioria, historicamente esses carros apresentavam quatro portas e seguiam uma lógica no design.

Esteticamente, ela recebeu a combinação de cores original da época, denominada de Sherwood Green e Pinecrest Green, ficando tom sobre tom interna e externamente, com todos os emblemas na cor dourada. Dos Estados Unidos foi trazido um conjunto de vidros novos, onde os restauradores fizeram o sistema elétrico funcionar nas maçanetas originais. Quanto ao ar condicionado, ele é perfeitamente funcional, a direção é hidráulica e para o sistema de som, foi mantida a fachada antiga e colocado por dentro do painel um rádio moderno.

O cromado deste carro é uma das coisas que mais chama atenção. Algumas partes foram trazidas de fora do país, outras foram feitas aqui mesmo, tudo para garantir que a cromagem ficasse perfeita, como na época de lançamento.

O motor V8 foi importado dos EUA, contando com incríveis 430 cavalos de potência, em uma compra de pacote fechado, o qual já veio injetado, pronto para integrar a estrutura do clássico. Já a suspensão dianteira é moderna, sendo a da traseira retirada de caminhonetes da Stock Car, assim como a caixa de câmbio.

Contando com as quatro rodas importadas e um belo conjunto de freios, a Bel Air faz seu dono sentir orgulho de ter mais um carro espetacular guardado em sua garagem.

“Ela anda, faz curva e freia, tudo na mesma proporção. É infinitamente superior a um carro moderno e com as nossas alterações, ela se tornou também um carro seguro”, comenta Franco.

A redação do C20 teve o prazer de dar uma voltinha no possante e, podemos descrever com propriedade que o conforto é tão grande que parece que estávamos sentados no sofá de casa, enquanto ouvíamos o ronco indescritível que só uma verdadeira máquina possui.

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