A sós com o mundo

Danieli Guazzelli fez o que muitas pessoas não teriam coragem: sair em um mochilão, para conhecer outro país, sozinha. Peru foi o destino e as experiências foram as melhores possíveis, além do sentimento de reencontro consigo mesma

01/01/2020 Expedição Carolina Padilha Alves

Foi um mês intenso na vida de Danieli, vacariana que colocou uma mochila cargueira nas costas em Junho de 2019, e foi conhecer um dos países mais místicos e diferentes do mundo. No Peru, comemorou seu aniversário de vinte e cinco anos, em meio a uma cultura tão diferente e pessoas desconhecidas.

Em sua segunda viagem sozinha, já que a primeira foi para Colômbia, Danieli comenta que muitos a chamam de louca por ir para a estrada sem uma companhia fixa.

“Sair de um país levando poucos pertences e sem saber o que te aguarda, dá um frio na barriga sem igual. Indicaria a todos essa experiência, pois é uma maneira de se conhecer e ver o que é capaz”, comenta.

Sobre o medo de viajar sozinha? Isso ela tira de letra! “Hoje em dia com a tecnologia tudo se torna mais fácil e, quando ela falta, vai na mímica mesmo. Eu peço apenas proteção a Deus e me jogo, pois sem dúvida em algum momento vai dar um problema, vou querer voltar pra casa, posso passar mal, o voo pode atrasar, o dinheiro pode acabar... mas cada acontecimento ensina uma coisa diferente e os percalços só ajudam a crescer”, diz a viajante.

Danieli elenca as maiores diferenças que encontrou entre seu país e o Peru, como a comida exótica, com pratos que serviam a carne do porquinho da índia, lá chamado Cuy. Os 5.200 metros acima do nível do mar, mesmo aclimatado e tomando muito chá de folha de coca, foi outro ponto alto da viagem, pois o corpo pesa, o nariz sangra e provoca enjoos nos turistas.

Sobre os peruanos, a mochileira explica uma curiosidade que interliga a temperatura da região, com o humor dos moradores.

“Em Lima o clima não é muito receptivo, pois a cada dez dias, apenas um sai sol, o que explica as pessoas estarem com aparência de “aborrecidas”, pelo fato do dia estar nublado. Apesar de ser um povo sofrido, fui muito bem recebida em Cusco, Arequipa e outras cidades menores que visitei. As pessoas que conheci tentaram tornar minha estadia boa e animada do começo ao fim”, recorda.

Entre tantos passeios lindos que podem ser feitos ao redor do país, a conterrânea elencou os lugares que mais lhe chamaram a atenção.

  • Laguna Humantay: de difícil acesso para quem opta fazer a pé os 4km de subida, mas que sem dúvida a vista final é de tirar o fôlego;

  • Vinicunca ou Rainbow Mountain: a famosa montanha de sete cores oferece uma imagem pra se guardar pra vida toda. Ela é considerada de difícil acesso também, por ter seu topo a 5.200 metros de altitude acima do nível do mar. Mas vale frisar que as duas trilhas oferecem uma opção pra quem não tem preparo e sofre de algum problema de saúde, sendo disponibilizado cavalos ou mulas a um preço de 80 soles;

  • Huacachina em Ica: um oásis no meio do deserto, com direito a passeio de Bug naquela imensidão de areia;

  • Passeio de barco em Paracas nas Ilhas Ballestas, onde dá para ver os pinguins de Humboldt, pelicanos, gaivotas, leões marinhos, entre outros.

Para Danieli, sair da rotina a fez sentir viva e retornou para sua cidade natal querendo muito mais. “É tão incrível conhecer culturas, culinárias, crenças, coisas diferentes, muito longe do que você está acostumada. Mochilão é assim, você opta sempre pelos meios mais baratos e aí dorme em hostels, em quartos mistos junto com alemães, turcos, franceses, ingleses, e todos estão ali pelo mesmo motivo que você. A imensidão do mundo não é pra assustar e sim pra inspirar,” conclui.

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