Ah, se meu Volkswagem falasse

Uma marca. Um grupo de amigos. Milhares de detalhes, quilômetros e motivos para se apaixonar. Em julho de 2007 surgia o Kustom Volkswagem Brasil, grupo idealizado pelos irmãos Felipe e Cassiano Foscarini e seu amigo Luiz Felipe, em uma fusão com o antigo SKV - Serra Kustom Volkswagem da cidade de Antônio Prado.  E foi pela grande amizade entre os integrantes das duas cidades, conhecidos desde a infância, que surgiu o desejo de unir os ideais e formar o grupo que hoje é nome conhecido por todos os apaixonados pela marca

01/01/2017 Especiais Gabe Moraes Tiago Sutil

Os carros do grupo tem como características marcantes serem baixos, encurtados, rodas, sempre preservando o mesmo padrão, seja do carro ou da relação entre os integrantes, que até hoje nunca tiveram nenhum desentendimento.

O KVB conta com vinte integrantes, e aproximadamente trinta veículos, todos com as mesmas características - ser VW, baixo e com rodas diferenciadas. E não são apenas as rodas que são diferenciadas, o grupo é muito peculiar, pois foi a amizade que aos poucos foi os unindo e aumentando o número de participantes. Quem faz parte do clube precisou antes passar por um período de adaptação, às vezes seis ou sete meses andando com a galera para depois poder finalmente integrar o KVB.  Marcos Susin, um dos primeiros integrantes do KVB, reforça que o interesse do grupo não é ter uma grande quantidade de participantes e sim, poucos integrantes com uma grande afinidade, uma parceria de verdade.

Em toda região sul o Kustom Volks Brasil é conhecido, pois roncaram estrada a fora  não somente no Rio Grande do Sul, mas nos estados de Santa Catarina e Paraná, e teve integrante que rodou até em São Paulo. Mas é através das redes sociais que muitas amizades são feitas por todo território nacional e outros países da América Latina. As peças utilizadas são exclusivamente produzidas pelas linha Fusca, todos de fábrica, e tem peça que veio até da Inglaterra para satisfazer desejos dos viciados em Volkswagem.

Na estrada chamam atenção por onde passam, todo mundo quer fotografar, ter uma oportunidade de conversar e elogiar as máquinas. Leonardo Comparin, dono da Brasília 1974,  conta que na última viagem um caminhão ultrapassou o grupo que estava em 11 integrantes na serra para poder filmar, e depois parou em um posto para enviar o vídeo, reforçando o quanto esses “velhinhos bacanas” despertam sentimento por onde desfilam. 

Os encontros acontecem mensalmente, alternando entre Vacaria e Antônio Prado, onde além do almoço especial, sentam para decidir as próximas ações do grupo, viagens, trocar ideias sobre peças e acessórios, e claro, rir muito das histórias que tem para contar, e segundo o presidente Matheus Zen Claro, de Antônio Prado, nenhum carro vai em guincho, todos rodam até o destino traçado, pois pegar a estrada é a paixão dos integrantes. Por serem carros antigos alguns acabam enfrentando problemas durante o trajeto, mas aí é que está a diversão. Se um para todos param, se ajudam, e atacam de mecânicos para fazer com que tudo de certo e poderem seguir viagem, afinal, os carros não são para ficar no estojo, são para rodar baixo e por todos os lados.

Dentro de casa, às vezes rola ciúme. As namoradas e esposas nem sempre gostam de dividir a atenção com os VW, pois os caras são realmente fissurados por seus carros, e sempre há o que fazer nas máquinas, a garagem vira oficina mecânica e a imaginação corre solta.  Mas, ao mesmo tempo, é nas companheiras que eles tem o grande incentivo para continuar investindo nesse hobby, pois em muitas viagens do grupo as amadas acompanham e fazem parte dos trajetos e das histórias.

Guilherme Paixão é integrante há cerca de quatro anos, mora em Passo Fundo mas a amizade faz com que esteja sempre por aqui com seu VW 1600, também conhecido como Zé do Caixão, saboneteira ou Fusca quatro portas, que ostenta a tão desejada placa preta, e segundo ele ninguém nem ousa pedir para dar uma voltinha pois já calcula o ciúme que o dono tem pelo seu 1600. 

Frank Ciconetto, de Antônio Prado, é amigo do Felipe Foscarini há mais de quinze anos e participa do grupo com sua amada Brasília 1973 que dessa vez não viajou a Vacaria para descansar um pouquinho, mas nunca o deixou na mão, já fez até 1500 quilômetros diretos na estrada, e se emociona ao falar do grupo que é reconhecido por onde vai. E já está ansioso pela próxima viagem, em abril o Paraná os espera.

Matheus Rech já estampou a capa da Revista C20 com seu fusca inegociável que está na família há mais de 20 anos e que já foi até pivô de separação, afinal, dividir a atenção nem sempre é fácil. Neste ano irá até o Rio de Janeiro pelo grupo em um evento de Fuscas. Juntamente com a irmã Maitê - a única mulher do grupo -  são loucos por fusca e pela amizade do KVB, e revelam que a dedicação aos carros acontece pelo menos em cinco dos sete dias da semana. Dedicação essa que também faz parte da relação do Anderson Gasparini com seu Fusca verde 1966, o último 1200 fabricado, companheiro de vida há mais de onze anos, seu primeiro e único carro é definitivamente invendável.

O grupo é composto atualmente por Fusca, Brasília, Variant, Kombi, VW 1600, e é impossível escolher o mais bonito pois cada um tem detalhes diferenciados, que apaixona até quem nem imagina ter um carro antigo na garagem. Em meio a tantos carros, Claiton Gasparini chama atenção com seu Fusca 1967, de cor bege Nilo, que possui suspensão a ar baseada no estilo europeu que raríssimos carros possuem no país, até o motor é elevado, apenas a carroceria encosta no chão, tem rodas importadas e teto solar que é chamado no Brasil de Ragtop e no exterior de Sunroof, que deixa o carro ainda mais exclusivo e estiloso.

A paixão é tanta que chega estampar a pele dos integrantes em tatuagens coloridas e carregadas de sentimento, como o Luiz Henrique, o Ike, dono de três VW, que gira atualmente com a Kombi 1974 que tem até um sofá interno pensando no conforto da galera, e claro, carregar malas, ferramentas e tudo mais que for necessário nas viagens do grupo. 

Se tem algo que o pessoal do KVB nos ensina é que nada no mundo é mais valioso do que uma amizade verdadeira, e se ela vier acompanhada do ronco de um Volkswagem  melhor ainda.

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