Casados para sempre

O DKW entrou na família Bueno há 46 anos, zero “bala”. Está no 10º motor e já percorreu mais de 1 milhão de quilômetros. Mesmo com tanto chão, 90% de suas peças ainda são originais

01/03/2011 Inegociáveis Giana Pontalti Vinicius Todeschini

O DKW é o carro da época em que os adolescentes não eram chamados de “gurizada” e sim “rapazeada”. É do tempo em que não existia esse negócio de ficar. Respeitoso mesmo era propor namoro à moça. E foi justamente no DKW 65 que seu Protásio Borges Bueno pediu Ivanice em namoro. Ela aceitou e o casamento já leva mais de 40 anos. O casamento com o DKW também. 
O DKW entrou na família Bueno há 46 anos, zero “bala”. Está no 10º motor e já percorreu mais de 1 milhão de quilômetros. Mesmo com tanto chão, 90% de suas peças ainda são originais.

“Eu vou com o DKW por todos os lugares. É companheiro certo dos programas de beira de rio. Só não viajo para longe com ele porque se estragar não tem peça para trocar”, conta o proprietário. 


Seu Protásio, conhecido como Tazinho em Vacaria, diz que o DKW é privilegiado, pois já levou muita moça na carona. Tazinho nasceu em uma casa com sete mulheres, a mãe Betinha e mais seis irmãs. Com o casamento, mais quatro mulheres entraram na sua vida: a esposa e três filhas. Com tanta mulher na família, o DKW se acostumou com elas. Mas nem todas se acostumaram com ele. Dona Ivanice já não gosta de rodar com o azul celeste por aí.

“Fico sem jeito quando saio. Em cada esquina que paro todo mundo fica olhando”, conta ela. O carro causa estranhamento por onde passa especialmente aos mais jovens. “Esses dias me perguntaram que marca era o meu fusca” conta Tazinho, achando graça da pergunta. 


Bom contador de histórias, Tazinho revela que certa vez “pregou uma peça” na esposa. Chegou em casa com um cheque de R$50mil, declarando que tinha vendido o DKW. “Fiquei arrasada, quase chorei”, diz Ivanice. “A verdade é que todo mundo se apegou ao carro. Ele sempre nos traz boas lembranças. Gostamos tanto que é até motivo de briga. Os filhos já discutem com quem o DKW vai ficar”, defende Tazinho. 
O carro é mesmo antigo, mas ainda não está aposentado, nem das ruas nem do coração de Tazinho. O azulão bate forte no coração desse colorado. “Quando me perguntam se está a venda, digo que não boto preço. Desse jeito também ninguém faz oferta”, explica rindo.

 

Ed. 26 - Março 2011

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