Colonial, com muito orgulho

Ainda hoje o que é novidade demora um pouco para chegar ao interior. Imagine antigamente. O Inegociável deste mês atraiu os olhares vizinhos quando chegou a São Paulino, 3º distrito de Ipê que, anos atrás, pertenceu a Vacaria. A Ford 350 foi o primeiro veículo da colônia. Na época chamava atenção pelo seu pioneirismo. Hoje, fisga olhares por ainda permanecer por lá

01/05/2013 Inegociáveis Giana Pontalti Bárbara Dutra

     Para entender o que faz da Ford 350 de seu Frederico Santo Salvador, 77 anos, um Inegociável é preciso voltar no tempo. A caminhonete é da época em que quando se casava, morava-se com os pais durante um ano para pagar a festa. É do tempo do filó e do jogo de quatrilho. É do tempo em que toda a comunidade acordava as quatro ou cinco horas da manhã para cevar o mate e tirar o leite. 

     Certamente não é o seu estado de conservação que faz dela um Inegociável. Muito antes de sua aparência, diga-se de passagem, judiada, o que faz da caminhonete o destaque do mês é a história que seu Frederico leva no coração. A Ford, de cor discreta e original, serviu a toda uma comunidade agrícola durante mais de 50 anos e ainda serve.
 

“Fazia frete para todo mundo. Levava trigo para o moinho, leite para a cooperativa no Prado, vaca para Vacaria. Já puxou uva, trigo, farinha, madeira, porco e até gente” conta Frederico.

         
     Era utilizada para o trabalho e também para a vida social. Os filhos de seu Frederico e dona Lourdes pegavam carona na caçamba para ir às missas aos domingos. Na generosa carroceria sempre cabia mais um, além dos sete filhos do casal. 

     Seu Frederico a herdou do pai que a comprou zero quilômetro. Por causa do vínculo familiar, nunca quis vendê-la. No ano passado, desfilou com ela na Festa do Colono. “Lá na procissão, me ofereceram R$ 30 mil por ela. Contei a um amigo que disse: “Dois loucos, o que ofereceu R$ 30 mil e o que não aceitou a proposta” conta o agricultor, achando graça.

     Quem também acha graça do veículo é a filha de Frederico que vive na mesma localidade.
 

“A caminhonete foi útil para os meninos que aprenderam a dirigir nela. Mas se tivesse que ensinar alguém hoje seria complicado. Para fazer a volta tem que começar a virar o volante meio quarteirão antes” diz Ivone, revelando a folga no volante. 


     O volante teima em responder. O velocímetro já desistiu de prestar informação. Os 140 km/h possíveis pararam de marcar há anos. O capô já não encaixa perfeitamente, pode até levantar com o minuano. Mas não é a aparência que a impede de funcionar. Se precisar, lá está ela, disposta ao trabalho, como todo bom italiano.

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