Vacaria já está acostumada a ver a Chevy 500, de Elizeu Ferreira, circulando pelas ruas. Afinal, o dono tem ela como sua companheira há treze anos. Uma verdadeira história de vida, onde o proprietário e essas quatro rodas tão amadas já passaram por bons bocados juntos
Elefante branco é difícil de achar, por isso, para o Inegociável deste mês criamos o apelido de elefante vermelho, já que esse modelo tornou-se uma verdadeira raridade entre os automóveis que desfilam pelas ruas da nossa cidade. Isso porque a Chevy 500, desde o seu lançamento em 1983, foi uma picape muito utilizada para serviços pesados, portanto, hoje em dia quando encontradas, estão sempre em más condições.
Há treze anos, Elizeu Ferreira é proprietário de uma, ano 1986, da qual é o segundo dono. Professor aposentado, Elizeu sempre teve como renda paralela o seu negócio de locação de outdoors, com propagandas de empresas em diversos locais de Vacaria.
“Sempre usei a caçamba dela para carregar painéis, cola, escada, lonas… Tinha o carro de passeio e ela para o trabalho, por isso nunca poupei ela de nada”, explica Elizeu.
Porém, esse pensamento mudou em 2015, quando ela foi roubada e ficou uma semana desaparecida. Depois de tirar as rodas, bateria e outros acessórios, os ladrões a deixaram na saída para Lages, onde a polícia a encontrou. “Eles só não mexeram mais, por medo que o carro explodisse, já que passei ela para gás GNV. Senti como se tivessem levado um pedaço de mim e daquele momento em diante, resolvi restaurá-la no capricho, dando todos os cuidados que ela merece”, conta.
Foi então que o trabalho começou. Os forros de porta e tapeçaria foram feitos pelas mãos do próprio dono, um bom som foi instalado, ar quente, direção hidráulica, vidros elétricos, faixas brancas nos pneus, o Santo Antônio de aço inox, especialmente projetado para transportar as escadas e as armações de painéis e bancos esportivos, para garantir o conforto em viagens.
“Já ouvi pessoas me dizendo que, com todas essas adaptações e melhorias, a Chevy acabou perdendo sua originalidade. Porém penso que ela não é um carro para colecionador, ela é para o meu uso e quero me sentir confortável andando nela”, comenta.
Elizeu conta que, ao ir visitar sua filha mais nova que mora em Lages, sempre para em postos de gasolina e repara que as pessoas se reúnem ao redor da caminhonete, pedindo para tirar fotos e perguntando mais informações sobre ela. Quando indagado sobre encontros de carros antigos, ele diz que já expôs a picape em quase todos os Retrô Sobre Rodas, que acontece aqui na Praça Daltro Filho, e que agora, com a pandemia acabando e os eventos voltando, pretende participar de encontros em outros municípios também.
Para finalizar, é claro que na família Ferreira já tem gente de olho na relíquia. Ana Laura, a neta mais velha de Elizeu, é a primeira da fila para herdar a vermelhinha.
“A Ana é minha companheira, se arruma toda pra sair passear com o vô. Por isso, mesmo que pule uma geração, acho que a próxima dona será ela”, conclui, sorrindo.