Uma das lembranças mais latentes que Tarciso Molon tem da infância, é do Chevette Tubarão que seu pai, Vilmar, teve há mais de trinta anos. E, por esse motivo, em 2014 comprou o seu próprio Chevette, com o intuito de manter viva essa importante recordação
Foi com o dinheiro que recebeu depois de uma despretensiosa rodada de jogo de pife, que seu Vilmar comprou um Chevette, o qual deu bastante dor de cabeça ao dono, já que estragava bastante, gerando muitos gastos, até ser trocado por uma Brasília.
Contudo, seu filho Tarciso guarda boas lembranças do tempo que andava em família no chevas. Essa simples recordação, fez com que, há sete anos atrás, Tarciso comprasse um carro do mesmo modelo para ter na garagem.
“Passei muito tempo procurando Chevettes para comprar, porém quando encontrava era bonito e muito caro, ou muito acabado. Quando desisti, meu irmão Tiago encontrou este para mim e me apaixonei na hora”, conta.
O Tubarão 1976, com motor 1.4, ganhou mecânica nova, suspensão, rodas e uma limpeza minuciosa. O maleiro, mandado fazer e a mala que ganhou de seu pai, dão o charme no azulão, que já participou de encontros de carros antigos em Lagoa Vermelha, São Marcos e no Retrô Sobre Rodas, em 2019. “Meu pai ficou traumatizado com o modelo, de tanto que se incomodou. Então, o dia que eu cheguei na casa dele e mostrei o carro, ele me disse: isso aí não era bom nem quando era novo! Mas mesmo com a cara feia incentivou minha decisão”, relembra.
Depois de já ter recebido algumas propostas de compra, mais do que nunca Tarciso enxerga o carro como inegociável, já que agora sua filha, Ana Gabriela, também demonstra carinho e vai ser a herdeira do automóvel quando crescer.
“Ela pede para passear nele, ao invés de querer andar no carro que uso para o dia a dia, o qual é muito melhor e mais confortável. Acho que, apesar da pouca idade, ela já entendeu o significado do Tubarão para mim”, explica.
Enquanto que, para algumas pessoas, os detalhes do carro que estão estragados deveriam ser corrigidos, para o proprietário as falhas contam a história daquelas quatro rodas e, por isso, decidiu que não irá restaurá-lo, pelo menos por enquanto. “Ele é um carro velho. Não curto a ideia de pegar carros antigos e querer aparentar um ar de novo. Gosto dele “podrão” assim, e penso que, se algum dia eu for mexer nele, tem que ser por completo, e não remendar as partes mais desgastadas. E para isso, é preciso tempo e muito investimento”, comenta.
Para o Chevette, muitos outros planos já existem, como por exemplo, uma viagem para o Rio de Janeiro, assim que possível.
“Talvez eu tenha que levar um mecânico e uma auto peças junto, mas mesmo assim ainda valerá a pena”, finaliza, gargalhando.