Máquina do tempo: a cidade dos anos 1800

É como se outra cidade estivesse em construção dentro do município de Vacaria neste exato momento. Pedro Vanaz, empreendedor que há muitos anos tem seu negócio aqui, está construindo uma cidade dos anos 1800, inspirado na colonização italiana na região. Esse projeto importante, audacioso e extremamente trabalhoso, feito em parceria com a Prefeitura Municipal, já está atraindo visitantes de todos os cantos mesmo antes de estar pronto

01/05/2022 Especiais Carolina Padilha Alves Penélope Fetzner

Mostrando com orgulho todas as cicatrizes que carrega nas mãos, Pedro Vanaz diz já ter nascido lidando na madeira. Há alguns anos, ele já apareceu em uma das edições da Revista C20, mostrando as incríveis miniaturas que faz desde os anos 90. Entre essas réplicas, estão a evolução do transporte, onde ele construiu, desde a zorra (um tipo de carroça), até o caminhão dos dias atuais, um moinho com roda d’água, uma ferraria e uma marcenaria, sendo tudo funcional, possibilitando enxergar na prática como as coisas funcionavam antes da energia elétrica.

Mas como o empresário não para por aí, agora ele vem com um projeto muito maior e mais audacioso, que vai ajudar a fomentar a cultura e o turismo em Vacaria. Há alguns meses, seu Pedro está erguendo, no local conhecido como antigo aeroporto, uma verdadeira cidade dos anos 1800. São três hectares de terra, capazes de transportar o visitante para um tempo simples, onde tudo era manual, não existia tecnologia e a natureza estava em sintonia com o homem.

Quando indagado sobre de onde surgiu essa ideia, ele nos explica.

“Com um pouco que tenho, fruto do meu trabalho de tantos anos em minha agropecuária, pensei em trazer os tempos antigos para que as novas gerações possam conhecer como tudo aconteceu, desde a chegada dos imigrantes italianos em nossa região. Vai ser um ambiente diferente, para que a comunidade como um todo possa aproveitar”, afirma ele.

 

O que você poderá encontrar no espaço?

Além de, obviamente, na entrada do parque já ter a Casa das Miniaturas, com todos os trabalhos manuais do proprietário, lá também terão diversas construções, cada uma representando uma parte da história da imigração italiana.

“Todas as cidades começaram com uma bodega, uma cancha de bocha e uma capela. Então, essas três estruturas não poderiam faltar”, diz ele.

Ao andar mais um pouco, está o Museu, extremamente completo, com armamento de época, ferramentas, encilhas, gado de osso, a famosa panela de dinheiro, artigos usados nas missas, entre tantas outras preciosidades que foram ganhadas, compradas em ferros velhos ou trazidas de outros países por parentes de Pedro.

Logo em frente, teremos uma Cantina para venda de produtos coloniais, com porão de pedra para a conservação de itens como queijo, salame e vinhos. A Casa do Imigrante abrigará artesãos, que poderão expor e comercializar seus artesanatos, além de uma churrascaria para refeições com vista para um Moinho com roda d’água e engrenagem de madeira.

“Serão feitas várias parcerias, para gerar lucro e ser um espaço legal, onde possa funcionar vários tipos de negócios que agreguem entre todos”, comenta.

No momento, seu Vanaz está restaurando uma máquina a vapor para colocar em exposição, ao lado do parquinho para crianças, feito todo em madeira e recortes de pneus. Ainda para o público infantil, o proprietário pretende colocar animais, como ovelhas, cavalos, vacas, porcos, galinhas e peixes, tudo para interação com os visitantes.

“Noto que hoje em dia a criançada não sabe de onde vem o leite, o ovo, a lã. Portanto, acho importante trazer a presença animal para o local”, revela. Uma pequena área para plantação de erva mate, morangos e framboesas também está nos planos do empresário.

Alguns detalhes importantes e que não podem passar despercebidos: um poço datado em 1939, e nas próprias construções, já que em uma delas as telhas são no modelo “coxa de escravo”, as quais eram confeccionadas no formato das pernas dos homens, na época da escravidão, e que foram doadas por Sérgio de Rossi, coordenador da Fazenda do Socorro.

Por fim, a estrutura completa que ainda vai oferecer churrasqueiras e banheiros, tudo no estilo antigo, abrirá em Setembro para a visitação da população, que deverá pagar uma quantia ainda não estipulada para adentrar aos portões e ter uma verdadeira experiência de volta ao tempo.

“Ainda vamos decidir se abrirá somente aos finais de semana, ou também de segunda a sexta-feira. Tudo vai depender da demanda e das parcerias que iremos firmar”, completa.

Todo esse esforço, segundo o idealizador, já está sendo recompensador, pois pessoas de todos os lados buscam por maiores informações sobre a novidade.

“Tem um pessoal de Caxias do Sul que quer escrever um livro sobre o local, canais do Youtube já fizeram matérias, fui chamado na rádio e muita gente está ansiosa pela abertura da minha pequena cidade. Espero que Deus me dê mais alguns anos de vida para eu poder ver tudo funcionando como imaginei”, finaliza ele, orgulhoso.

COMENTÁRIOS




REDES SOCIAIS

FACEBOOK INSTAGRAM
O conteúdo das ofertas é de responsabilidade exclusiva de seus anunciantes.