Mochilão cultural

Tiago Lima de Souza realizou o sonho de muitos jovens aventureiros: colocou uma mochila nas costas e passou um mês desbravando as belezas da América do Sul

01/11/2018 Expedição Carolina Padilha Alves

Bolívia, Chile e Peru. Esta foi a ordem dos países que Tiago visitou durante trinta dias no início deste ano. O agrônomo conta que a idéia surgiu durante uma conversa entre amigos, sobre possíveis destinos de viagem que fugisse do comum, como EUA e Europa e que coubesse no orçamento. “A idéia era simplesmente pôr uma mochila nas costas e pé na estrada, sem frescura. Fomos ajustando e chegamos a um roteiro final, que iniciava na Bolívia, no maior deserto de sal do mundo (Uyuni), passando pelo deserto do Atacama no Chile e chegando finalmente ao Vale Sagrado dos Incas, especificamente em Machu Pichu, no Peru”, recorda o vacariano.

No que diz respeito a culinária desses países, Tiago relata que a base é a mesma do Brasil: a batata, que eles chamam de “papa”, o arroz, a carne de lhama ou alpaca, que lembra a carne de gado, porém sem gordura nenhuma, e as saladas que são exatamente as mesmas. Mas claro que algumas iguarias o deixaram surpreso.

“O assado de cuy, que conhecemos como porquinho da índia, o qual eles matam na tua frente, assam, e você sai comendo pela rua depois de pronto como um espetinho. Esse não tive coragem de provar”, comenta.

Tiago relata que o que mais sentiu falta foi do bom e velho feijão, que não existe lá, assim como o leite, que pode ser encontrado só em pó. No lugar do café, é consumido muito chá, e um dos mais apreciados é o da folha de coca, que é um excelente antídoto pros males de altitude, já que a média da viagem ficou acima dos 4.000m acima do nível do mar.

“A folha de coca também é consumida in natura para ser mascada, como um chiclete. O gosto é muito semelhante ao da erva mate pura folha, ou seja, bem amarga. Só para esclarecer, a folha da coca não é droga, não dá barato, só tira o enjoo e o mal estar da altitude. Os nativos mascam o dia todo, e pode ser encontrada em qualquer lugar, em sacos grandes colocados nas calçadas, ou embalagens menores e mais práticas”, explica.

Para aqueles que desejam visitar os países em questão, Tiago destaca quais os lugares imperdíveis para conhecer em cada um deles:

Bolívia:

Uyuni - Cemitério de trens, Colchani, Monumento do Dakar Bolívia / Monumento Las Bandera, Salar do Uyuni.

Chile:

San Pedro de Atacama - Valle de la Luna, minas, Pedra Três Marias, Valle de la Muerte, Pedra do Coyote Toconao, Socaire, Piedras Rojas, Lagunas Altiplanicas (Miscanti e Miñiques), Salar do Atacama, Laguna Chaxa, Vegas de Quepiaco, Monjes de la Pacana, Las Catedrales de Tara, Salar de Tara, Licancabur.

Arica - uma praia muito bonita, água clarinha do Pacífico, porém com sério risco de Tsunami, mas vale muito a pena conhecer.

Peru:

Cusco – Valle Sagrado dos Incas, Pisaq, Ollantaytambo, Chinchero, Salinas de Maras, Ruínas de Moray.

Puno - Lago Titicaca, Isla de Uros e travessia para Bolívia em Copacabana, na outra margem do lago, lá se visita a Isla del Sol e Isla de la Luna, que ficam no meio do lago.

Após essa sua experiência tendo contato com pessoas de outros países próximos ao nosso, Tiago aponta que o Brasil como um todo tem muito a desenvolver no que diz respeito ao turismo, já que esse setor movimenta cifras altas na América do Sul e que temos a disposição belezas naturais e uma história rica, portanto, só falta desenvolver mais essa potencialidade. “Conversando com outros turistas que estavam conhecendo a região, descobri que a maior preocupação deles em visitar nosso país se refere à segurança, eles têm receio de vir pra cá. Outro ponto interessante foi um alemão que esteve pelo Rio Grande do Sul e disse que o gaúcho no geral é um povo muito sisudo, fechado”, relata o conterrâneo.

Para finalizar, o vacariano define sua viagem e a de todos os mochileiros como um ato de coragem.

“Os benefícios imediatos são o autoconhecimento, amadurecimento, sair da zona de conforto. A gente vê a vida com outros olhos, passa a valorizar o que é simples, a relação com as pessoas muda, com dinheiro, etc. Como diz um provérbio chinês: “Aquele que retorna de uma viagem, não é o mesmo que partiu”, conclui.

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