Mundo da velocidade

Considerado o mais acessível dos esportes dentro do automobilismo, o kart amador está sendo cada vez mais praticado por pilotos com sede de adrenalina. Homens, mulheres e até pequenos corredores, vão semanalmente ao kartódromo municipal de Vacaria, e juntam-se com profissionais do setor, que já trouxeram muitas medalhas e troféus para casa. O crescimento da prática, está fazendo com que competidores de outras regiões venham até nossa cidade cumprir provas e experimentar a sensação de dirigir algo tão diferente das quatro rodas que estamos acostumados

01/11/2019 Especiais Carolina Padilha Alves Tiago Sutil

Os karts foram criados nos Estados Unidos, ainda nos anos 50 e, segundo a Wikipédia, eles podem ser definidos como “uma variante de automobilismo sobre veículos simples, de quatro rodas, micromonopostos dotados de motores de dois ou quatro tempos, refrigerados a água ou a ar”. De modelos variados, um kart pode pesar de 70 a 150 quilos e são conhecidos ao redor do mundo todo.

O esporte, que é considerado hobby por muitos praticantes, não é um dos mais acessíveis financeiramente pois, além do veículo, é preciso arcar com os custos de sua manutenção. Para aqueles que competem de modo profissional, os valores triplicam, já que é preciso que o competidor acompanhe as novidades do mercado e sempre disponha dos melhores recursos mecânicos e uma boa equipe para o ganho de provas.

Esse hobby caro, tem a fama de apresentar ao mundo automobilístico verdadeiros feras da direção que, com anos de treino e dedicação, se tornam mundialmente conhecidos. Exemplos disso são os pilotos Ayrton Senna, Rubinho Barrichello, Alain Prost, Emerson Fittipaldi, Michael Schumacher, Nelson Piquet, entre tantos outros.

A idade mínima para iniciar no kart adulto é treze anos completos, porém nas categorias Mirim e Cadete, aceitam crianças de seis à onze anos. No Brasil, existem dez categorias oficiais que dividem os competidores nos critérios de idade e experiência nas pistas.

Em Vacaria, o esporte começava a ser praticado nos anos 70, e melhoramentos são feitos desde então para que a prática não morra, já que excelentes pilotos nasceram aqui e são reconhecidos nacionalmente pela capacidade de controle das quatro rodas.  

Pilotando em casa

São poucas as cidades no estado que possuem um kartódromo. Quando esse espaço existe, ele é considerado ponto turístico do município e é exatamente isso que acontece em nossa região. 

Em 1982, nascia a AAVA - Associação de Automobilismo de Vacaria, que organizava as corridas de kart em frente ao Moinho Vacaria. Tempos depois, as corridas mudaram-se para um terreno ao lado de onde, atualmente, está instalado o campus da UCS. Mas foi em 1992 que a pista onde conhecemos hoje foi construída, na Av. Antônio Ribeiro Branco.

No início de 2019, uma nova modalidade chegou ao Kartódromo Municipal de Vacaria, chamada Indoor. Do inglês, indoor significa “coberto”, ou seja, a corrida supostamente deve acontecer em pistas cobertas, porém, como não dispomos de local apropriado, a modalidade foi adaptada ao espaço existente. 

O Indoor é praticado em karts especiais, menos potentes que os karts das verdadeiras competições, sendo indicado para iniciantes e oferecendo a possibilidade para qualquer pessoa sentir a adrenalina da corrida, sem a responsabilidade de ter e manter todo o equipamento. Para quem vai pela primeira vez, instruções importantes são dadas antes mesmo de entrar na pista.

Hoje, existem 13 karts disponíveis no kartódromo, juntamente com os capacetes e macacões, os quais são alugados para corridas de 15 minutos de duração.

“Muitos colegas de empresas estão se organizando e alugando os karts para correr no final de semana. As vezes fazemos corridas só de mulheres, com direito ao podium que classifica do 1º ao 5º lugar”, comenta Cezar Cauduro, presidente da AAVA há oito anos.

Para que tudo isso fosse possível, sem nenhuma ajuda do governo, a associação fez melhorias na pista, na iluminação, aumentou a estrutura, colocou câmeras de segurança, além da compra dos karts e seus respectivos equipamentos, rachando todas as despesas entre os associados, com o objetivo de alavancar e movimentar o kartismo na cidade. Depois da implantação do Indoor, o número de associados foi de 14 para 35, os quais tem acesso livre para treinar a qualquer momento do dia. 

O kartódromo de Vacaria está sediando várias provas, onde pilotos de todo o estado vem competir. Nesse dia, os próprios associados trabalham, evitando custos com funcionários e pagando outras despesas que se fazem necessárias, como uma ambulância de plantão, por exemplo. É indispensável que cada competidor tenha a carteira da CBA - Confederação Brasileira de Automobilismo.

Para mais informações e para agendar um horário no kartódromo, entre em contato pelo Whatsapp: (54) 9. 92669025.

Gerações de pilotos

Duda e Zé Grando são conhecidos pelas provas que já disputaram e pelos troféus que ganharam nas pistas desse Brasil afora. Mas a vocação está no sangue: Wadis Grando, pai dos irmãos, já era piloto desde a década de 70, onde corria de carro em competições que se igualam a famosa Stock Car que temos hoje em dia.

Wadis, de tanto gostar do esporte, doou um terreno para a prefeitura, onde instalou-se a antiga pista de kart de Vacaria, ao lado de onde atualmente é o campus da Universidade de Caxias do Sul. 

Pai e treinador, Wadis passou sua paixão pelas corridas para os filhos, que ao crescerem não pararam de dar orgulho à família e à cidade também. Duda foi cinco vezes Campeão Gaúcho, Bicampeão de Fórmula Ford e uma vez Campeão Brasileiro, competindo com Rubinho Barrichello e Christian Fittipaldi em uma disputa que aconteceu em Minas Gerais, em 1989.

Juntos, os irmãos fizeram parcerias e ganharam várias corridas regionais, entre elas as 100 Milhas de Passo Fundo, onde paravam, trocavam os pneus e revezavam a pilotagem. Como bons competidores, trocaram inúmeras vezes de kart e equipamento, já que a cada ano surgiam novidades no setor, como diferentes chassis e pneus, tudo para que continuassem encabeçando as competições.

Zé atualmente dá aulas de kart para os interessados em aprender mais a fundo sobre o esporte. Para seu aluno que vem de São Marcos treinar, ele passa os ensinamentos de tantos anos de experiência.

“O segredo é a cabeça, o reflexo e o raciocínio, não a velocidade. Quanto mais calmo e tranquilo o piloto estiver, melhor será o resultado”, ensina o corredor.

Depois de um tempo parados, os irmãos, que também fazem parte da AAVA, estão voltando para as pistas e competições, e revelam que estão se adaptando às novas formas de pilotar, que são diferentes das que praticavam antigamente. “Estamos com vontade de voltar a andar na frente. Com um pouco de prática, pegaremos o jeito e relembraremos os velhos tempos de campões”, conclui Zé.

    

 

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