Conheça a história de amor entre Mauricio e seu Fusca 82, que foi adquirido antes mesmo de seu dono ter a carteira de motorista
Em 2003, ano em que o Volkswagen Gol ganhava destaque como o carro mais vendido do ano, Maurício Borghetti estava com o pensamento em 1982. O caxiense, que tem sua família materna inteira morando em Vacaria, sempre foi aficionado por carros antigos, em especial Fusca e Opala. Essa relação iniciou ainda na infância, quando seu avô, também de nome Maurício, e seu tio Romerito, ostentavam carros que mais pareciam máquinas. Então, com vinte anos e dinheiro contado para fazer a carteira de motorista, surgiu a oportunidade que o faria realizar um sonho.
Na época, um amigo pensava em vender um Fusca, que era ideal para gaiola, pois restaurar não estava nos planos em função do trabalho longo a ser feito. “Quando ele me ofereceu o automóvel, não pensei duas vezes, já que o valor era irrisório: R$ 600 reais em duas vezes ou R$ 500 à vista. Foi então que minha dúvida começou: faço a carteira de motorista ou compro um Fusca?”, relembra Mauricio.
O sonho de ter um carro falou mais alto e ele arriscou. Comprou o Fusca e deixou a carteira de motorista para outro momento. O estado deplorável do carro deixou seus pais apavorados, mas eles também embarcaram no seu sonho.
“Lembro deles me perguntando o que eu estava pensando quando comprei aquele carro, que não tinha condições de sair da garagem. Foi quando respondi: conheçam o mais novo integrante da família”, conta.
O primeiro passo foi lavar o Fusca, o que não deu muito certo. Ele estava tão deteriorado, que a esponja se desfez na mão, sem condições de continuar o trabalho. A partir daí, ele compreendeu que teria muita coisa a ser feita e buscou quem já era entendido do assunto. “Troquei uma ideia com meu tio Ramerito, que também tinha um Fusca da década de 80 e no qual eu me espelhei para reformar o meu”, comenta.
O tempo passou e o dinheiro também, então foi preciso pausar a compra das peças e o carro acabou ficando em segundo plano. Para conter os gastos, Mauricio começou a restaurá-lo sozinho, desde a parte mecânica, até a lataria. E foi nesse momento, o ano era 2008, que ele protagonizou uma das histórias mais engraçadas com seu fiel companheiro. “Trabalhava durante o dia e, por isso, tinha a oportunidade de mexer no carro apenas de noite. As horas passavam sem eu perceber. Foi em uma noite fria de inverno que meu pai, estranhando o horário adiantado e minha ausência, desceu até a garagem de casa para verificar o que eu estava aprontando. Ele me encontrou, às 2h da madrugada, embaixo do Fusca dormindo. Fui tentar tirar um parafuso da parte de baixo do carro e não resisti ao sono”, conta Mauricio.
Atualmente, o Fusca está com bancos concha, volante da Phanter, equalizador tojo gr100, rodas de Brasília e tantas outras características da década de 80. O motor conta com um 1500, mas Mauricio está montando um 1800 com dois carburadores 40 do Opala 6cil, que também equipava o Fusca azul de seu tio.
Diferente do que Mauricio pensava que ia fazer quando o carro estivesse 100%, hoje o veículo não desfila pelas ruas de Caxias e região.
“Minha joia só sai de casa em alguns dias, nunca quando chove e nem em encontros longe da cidade. Batalhei para deixar ele do jeitinho que sempre quis, então não quero colocar tudo a perder. Tenho orgulho de dizer que transformei um Fusca de R$ 500 reais em um sonho que não tem valor”, afirma.
E para completar, Mauricio deixa claro que seu Fusca é, realmente, um Inegociável. “Não adianta, propostas de venda nem são ouvidas. E o agradecimento maior vai ao meu amigo Luciano Batisttini, em memoria, que me ofereceu essa relíquia, e aos meus pais, Áurea e Manoel, que me apoiaram nessa loucura e realizaram meu sonho de infância”, finaliza.