Shana Geyger Boff mora na Noruega há seis anos e conta como foi sua adaptação em um país com uma cultura tão distante da nossa
Em 2012, Shana se mudou para Trondheim, terceira maior cidade da Noruega. Formada em Engenharia de Controle da Automação pela UFSC, a conterrânea focou em buscar oportunidades de desenvolver sua tese de TCC no exterior. Sua irmã Sacha já morava desde 2007 lá, e então a ajudou nesse processo de mudança. “Queria começar minha carreira de engenheira no exterior também, por isso me inscrevi para várias vagas de emprego no mundo inteiro. Em setembro de 2012 fui contratada na Statoil, empresa norueguesa de óleo e gás, onde trabalho desde então como engenheira sênior de subsea”, explica Shana.
As diferenças entre os dois países são gritantes em vários aspectos, como clima, língua e comportamento das pessoas. Segunda Shana, no inverno praticamente não há luz durante o dia, e no verão não há noite, a calefação existe em todos os lugares para combater as temperaturas negativas e os alimentos mais consumidos no país são peixes e batatas. “Morando na Noruega aprendi, na marra, a cozinhar vários pratos brasileiros, que no Brasil sempre tive fácil acesso, e aqui não. Os peixes noruegueses são maravilhosos”, comenta.
Atividades ao ar livre é o ponto forte de um país que conta com uma paisagem magnífica. Portanto, para se integrar mais rapidamente com a população norueguesa, Shana aprendeu a esquiar, patinar no gelo, faz caminhadas de um dia inteiro nas montanhas, já sabe escalar e faz passeio de kayak e canoa. “Uma vez que eu aprendi a fazer as coisas que os noruegueses fazem pra se divertir, minha vida ficou muito mais fácil. Fazer amizade com eles não é a coisa mais fácil do mundo. Eles não são tão espontâneos quanto nós, não são muito do abraço, do toque, e isso de início assusta um pouco, mas depois se acostuma”, relata Shana.
Em relação aos pontos turísticos, a engenheira destaca as ilhas de Lofoten, ao Norte da Noruega, com praias de água cristalina, mas fria e com areia branquinha. O fiorde de Geiranger, que é considerado a típica imagem da Noruega, pela grandiosidade das montanhas e o mar, onde é possível fazer passeios de barco e kayak. O passeio de trenó com os huskies durante a noite para ver a aurora boreal, ou então, para quem não quer se aventurar no frio e nos trenós, é possível ver a aurora em um passeio estilo “safari”, feito de ônibus. As cidades que mais se destacam, em sua opinião, são Oslo, Bergen e Trondheim.
As vantagens de morar em um país desenvolvido, são incontáveis. Uma delas é o incentivo a cultura e ao lazer, com áreas apropriadas para prática de esporte aberta ao público o ano inteiro e de graça, parques para crianças, quadras esportivas, ciclovia por toda a cidade, estádio de atletismo, etc. Este é um dos pontos que Shana gostaria que fosse melhorado em sua cidade e país. ”Para mim isso é incrível, adoro essa liberdade de poder correr numa quadra apropriada, sem carros passando. Sinto a diferença quando estou em Vacaria de férias e quero sair pra correr e não tem nenhum lugar para ir. Para poder jogar vôlei, só pagando quadra privada, ou seja, quem não pode pagar uma academia, ou aula do esporte de sua preferência, não têm oportunidades de lazer na cidade, e estamos falando de uma parcela grande da população. Os estádios municipais são trancados, praticamente não existe quadras ao ar livre, até os parquinhos infantis tem grade, ou estão em estado deplorável e até perigoso para as crianças” enfatiza Shana.
Conhecer diferentes culturas faz com que você respeite o próximo e enxergue coisas banais da vida de outra maneira. Analisar a organização de uma sociedade desconhecida e o seu funcionamento, é um bom caminho para comparar os fatores bons e ruins da sua cidade/país de origem, e tirar proveito disso. “Quando você só tem uma visão de mundo, acaba achando que apenas essa visão é a correta. Já com a oportunidade de viver a rotina num outro país, abrem-se as portas para o questionamento do que de fato é o melhor para você como indivíduo, mas principalmente você em sociedade. Assim, podemos fazer com que o nosso país possa evoluir. Porque sim, Vacaria e o Brasil tem muitos pontos positivos, mas acredito que os negativos estão abertos para mudança, partindo dos que tem atitude para colaborar”, finaliza.