Saudade diária

Natália Varella de Freitas encara seu Chevette DL 1993 como seu melhor amigo, desde que o ganhou em seu aniversário de dezoito anos. Ela é a terceira mulher de sua família a ser proprietária do automóvel, que é responsável por trazer lembranças de ótimos momentos vividos com o verdão ao lado

01/08/2020 Inegociáveis Carolina Padilha Alves Tiago Sutil

Natália é mais uma vacariana que tem paixão pelos antigos, principalmente, por um em específico: seu Chevette DL 1993. Ela nos conta que o carro surgiu na família em um momento de crise financeira, onde seu pai, que era caminhoneiro e tinha uma parceria com sua tia no negócio, vendeu o caminhão e o automóvel entrou como forma de pagamento.

Dione, tia de Natália, tinha medo de dirigir e deixou o Chevette anos parado na garagem. Quando sua avó faleceu, ele então veio para ficar sobre propriedade de sua mãe, Miriam, que aí sim começou utilizá-lo como carro para o dia a dia, levando a família até mesmo para viagens longas, já que ele era o único carro disponível.

Ao fazer dezoito anos, Natália recebeu o Chevette como presente, tornando-se a terceira mulher da família a ser dona daquelas quatro rodas.

“Na verdade, como eu estava em uma fase muito rebelde, eles me deram o automóvel achando que eu iria sentir vergonha de dirigir ele pelas ruas da cidade. Porém, aconteceu exatamente o contrário”, relembra.

A nova proprietária, formou-se no Instituto Federal, indo e vindo todos os dias embarcada em seu novo parceiro, desfilando com ele diariamente, cheia de orgulho. O Chevette, que é todo original e não passou por nenhuma alteração, foi uma edição limitada que recebeu esse tom de verde diferenciado e último modelo lançado, já que depois a marca o substituiu pelo Corsa.

Todo ano é feito uma revisão, para garantir que o verdão continue com seu motor 1.6 em dia, além de cuidados internos como higienização e outros detalhes. Atualmente, Natália mora em Santa Catarina e deixa o automóvel guardado aqui em Vacaria, na garagem de seus pais, para evitar que a maresia da praia estrague sua lataria.

Hoje, com vinte e cinco anos de idade, o Chevette continua sendo o primeiro e único carro da conterrânea, que nunca quis ter outro e jamais pensa em vendê-lo.

“Já recebi propostas tentadoras, de valores altos que colecionadores pagariam por ele. Porém, por ter sido da minha família por gerações e eu considerá-lo o melhor presente que já ganhei, ele se tornou um verdadeiro Inegociável”, afirma.

O Chevas, como é chamado carinhosamente por sua dona, ainda não foi levado para encontros de carros antigos, mas essa exposição já está nos planos para acontecer logo. Simplesmente apaixonada por seu carro, é dele que ela sente saudade, todos os dias enquanto está longe.

“Parece que ele me entende, que é meu amigo de verdade. Quando eu falo dele, eu falo de sentimentos assim como os que tenho pelas pessoas, pois ele me faz recordar da minha avó, da minha família inteira e de tudo que me faz bem”, finaliza, emocionada.

 

 

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