Sempre influenciada pelo seu pai, que a levava em diversos encontros de carros antigos em cidades próximas, Fabiana foi pegando gosto por esse mundo, se interessando e aprendendo bastante sobre o assunto.
A história dela com a Brasília 1977, começou quando seu avô recebeu o veículo em uma conta, mas como não existiu apego nenhum, ele acabou vendendo para o pai de Fabiana, que a usava no sítio, deixando os carros mais novos guardados na garagem. Até que, finalmente, as quatro rodas chegaram na terceira geração da família.
“Quando fiz dezoito anos e comecei a trabalhar longe de casa, meu pai me emprestou a brasa para que eu não precisasse mais andar a pé”, relembra Fabiana.
Na época, o carro, que já era amarelo, porém num tom clarinho, tinha películas roxas e apenas o banco do motorista, segundo a proprietária. “Ela estava realmente destruída. Comecei a restaurar devagarinho e logo optei por pintá-la de amarelo imperial. Meu pai notou que estava investindo demais nela e foi então que descobriu que eu nunca mais ia devolver”, comenta, rindo.
Fabiana é manicure e começou sua carreira indo às casas atender com a Brasília. Chegou a criar a marca “De Carona Com a Fabi”, onde o carro ficou conhecido em toda a cidade. Ao mesmo tempo, cultivava um grupo de amigos em que todos tinham carros antigos, e iam para encontros juntos, expor suas raridades. Um deles era Mateus Vasques, que também possuía uma Brasília e tinha acabado de mandar fazer as famosas rodas gaúchas para colocar na sua.
“Infelizmente não deu tempo dele usá-las, pois veio a falecer em um acidente, juntamente com sua namorada. Foi então que me ofereci para comprar as rodas, que ficaram com a sua mãe, as quais uso até hoje na minha Brasília, e que simbolizam a nossa amizade e a saudade que sinto dele”, afirma ela.
Apesar da brasa ser ano 77, o modelo veio a ficar famoso na década de 90, com a música Pelados em Santos, dos Mamonas Assassinas. E por falar neles, há poucos meses a banda cover vacariana Mamonas Assassinas Tributo, solicitou a Brasília para fazer uma sessão de fotos, que serviriam como divulgação do trabalho. “Sempre empresto para quem quiser ela em alguma ocasião especial. Gosto de dividir essa paixão com os demais”, diz.
Leonardo, que agora tem três anos, e fica extremamente feliz quando sua mãe o busca na escola com a amarelona, é o herdeiro desse carro cheio de significados importantes.
“A única tatuagem que fiz é essa no braço, com meu filho e a Brasília. Se tenho uma certeza na vida, é que preciso ficar com ela para sempre, até vir a ser dele. Por isso, jamais venderei, nem ela, nem as rodas”, conclui, emocionada.