Maristela Bernardi conta como é estar a frente de uma das lojas mais conhecidas da cidade, por mais de três décadas, além de dividir conosco as especificidades do setor e os desafios que a pandemia trouxe para o mercado
Em 1985, Maristela Bernardi e suas três irmãs, Silvana, Susete e Márcia, ganharam de presente de seu pai o que seria mais tarde um ponto de referência em Vacaria. A loja Belã, que na época tinha outro nome, era de donos passo fundenses e trabalhava apenas com lãs e linhas.
Com o tempo, as novas proprietárias adicionaram o aviamento, como linhas e botões, além de cama, mesa, banho, cortinas, tapetes, entre outros.
“Fomos ampliando aos poucos, passo a passo, conforme notamos a demanda do mercado”, explica Maristela.
Nessas mais de três décadas que se passaram, a loja mudou-se de local três vezes, estando no mesmo prédio há mais de quinze anos. Durante a caminhada, o empreendimento enfrentou algumas crises, mas nunca deixou a peteca cair.
“Me lembro da época do plano cruzado, onde íamos para Caxias do Sul comprar lã. Houve uma crise de abastecimento bem forte, parecida com a que estamos passando agora com a pandemia”, conta.
No final de 2019, onde o mundo ficou sabendo dos perigos do coronavírus, todos os setores do comércio sofreram, e muito, com a falta de mercadoria. Maristela explica que as feiras que costumava ir a São Paulo foram canceladas, os fornecedores estão com poucos funcionários e, consequentemente, sua loja ficou com balcões vazios por alguns meses.
Mas, como sempre existe o lado bom em todos os acontecimentos, em função do isolamento social, muitas pessoas começaram a fazer artesanato, tanto para passar o tempo, como para ter uma renda extra, aumentando as vendas deste nicho.
Atualmente, a loja conta com oito funcionárias, algumas com mais de vinte anos de empresa, as quais chegam a atender duzentas pessoas por dia, em vendas pequenas, já que a maioria dos produtos são de tamanho menor.
“Atendemos toda a região. Temos clientes fiéis de Bom Jesus, Campestre da Serra, Lagoa Vermelha, Esmeralda, pessoas de fora que ligam, encomendam ou fazem suas reservas, pagam por pix e buscam quando vem a cidade”, comenta.
Como uma boa empreendedora, Maristela está sempre de olho nas novidades e evolução do seu ramo. Precisando de mais espaço físico, há a necessidade de mudar-se para um local maior, porém explica que qualquer lugar que for, sempre estará lotado de mercadoria, pois abre leque para outras possibilidades de venda, além de seu endereço já ser extremamente conhecido por todos e bem localizado.
“Está no nosso planejamento para daqui uns anos colocarmos um e-commerce e vender nossos produtos pela internet, porém, ainda acredito muito nas lojas físicas e as minhas clientes adoram vir até aqui para ver as novidades. Na minha área, é preciso olhar de perto, sentir a textura do tecido, ver o tom correto das peças. Por isso, para nós, comerciantes, é preciso analisar muito bem e ver o que vale a pena para o nosso negócio”, afirma.
Quando indagada sobre qual facilitador falta em Vacaria para melhorar ainda mais o seu empreendimento, ela explica. “Precisamos de um treinamento específico para vendas. A minha sugestão seria trazer palestrantes com vivência do ramo, para compartilhar seus sucessos com a nossa equipe. Noto que nunca vem algo com aprimoramento e aprofundamento no assunto e acho que essa é uma carência relevante para os comerciantes de nossa cidade”, argumenta a proprietária.
Com tanto tempo de experiência e uma boa parte de sua vida dedicada ao negócio, Maristela é grata por conseguir se manter firme e realizada com o que faz.
“Agradeço a comunidade, que desde o início nos recebeu tão bem, a minha família pelo apoio e trabalho em conjunto, e ao meu quadro de funcionários que considero ser a peça chave para um bom andamento em qualquer empreendimento”, conclui.
