Precisamos falar sobre autismo! Esse transtorno tão amplo e sem cura, que atinge milhares de pessoas ao redor do mundo, ainda possui poucas informações, pesquisas e profissionais especializados para ajudar no tratamento. Contudo, um dos fatores que mais trazem bem-estar ao autista é o acolhimento dos familiares e pessoas próximas, que entendam as diferenças e saibam respeitá-las. Então, vamos conhecer a história de Felipe, um autista que encontrou em sua mãe, seu porto seguro e principal fonte de amor, que o garante uma vida plena e especial
O Transtorno do Espectro do Autismo (TEA), é uma condição de saúde de uma parcela dos seres humanos com características bem específicas, como: déficit na comunicação social, socialização com outros indivíduos, comportamento com movimentos repetitivos e interesse restrito.
O transtorno é dividido em subtipos e graus, levando o nome de espectro por ser tão abrangente. Existem pessoas com condições associadas ao autismo, que possuem deficiência intelectual e epilepsia, até pessoas com vida comum ou famosos, como Albert Einstein, Bill Gates, Lionel Messi, Woody Allen, Van Gogh, entre outras, que apresentaram indícios de autismo leve.
Segundo a Revista Autismo, canal especializado no assunto, as causas do transtorno apontam sempre para a combinação genética, apesar de outras especulações pouco exploradas. “Os sinais do autismo podem aparecer a partir de um ano e meio de idade e o tratamento deve ser iniciado o mais breve possível, pois quanto antes acontecerem as intervenções, maiores são as possibilidades de melhorar a qualidade de vida da criança. Porém, o diagnóstico real só pode ser dado a partir dos três anos de idade, pois o cérebro ainda está em formação e, antes desse período, torna-se um diagnóstico precoce”, comenta Tavani Zócoli, psicóloga atuante no setor pedagógico da APAE de Vacaria.
Até hoje, o tratamento considerado com maior eficácia, segundo a Associação Americana de Psiquiatria, é a terapia de intervenção comportamental, aplicada por psicólogos. Além da psicologia, pacientes podem receber ajuda de fonoaudiólogos, entre outros profissionais da saúde, conforme a necessidade de cada autista. Alguns sintomas como irritabilidade, agitação, agressividade, hiperatividade, insônia, etc, podem ser tratados com medicamentos prescritos pelo médico responsável no caso.
Sem números oficiais até então, não há como afirmar quantos autistas existem em nosso país, pois as pesquisas, tanto sobre o número, quanto sobre o assunto como um todo, ainda são rasas. Porém, o preconceito e a dificuldade de encontrar profissionais preparados para lidar com pessoas especiais, é imensa.
Conheça agora uma história de superação, amor e muita dedicação de uma mãe de autista que, apesar dos obstáculos, faz de tudo para garantir o bem estar de seu filho.
(Informações retiradas da Revista Autismo)
- Não manter contato visual por mais de 2 segundos;
- Não atender quando chamado pelo nome;
- Isolar-se ou não se interessar por outras crianças;
- Alinhar objetos;
- Ser muito preso a rotinas a ponto de entrar em crise;
- Não brincar com brinquedos de forma convencional;
- Fazer movimentos repetitivos sem função aparente;
- Não falar ou não fazer gestos para mostrar algo;
- Repetir frases ou palavras em momentos inadequados, sem a devida função (ecolalia);
- Não compartilhar seus interesses e atenção, apontando para algo ou não olhar quando apontamos algo;
- Girar objetos sem uma função aparente;
- Interesse restrito ou hiperfoco;
- Não imitar;
- Não brincar de faz-de-conta.
Patrícia dos Santos Giusti é mãe de Felipe, um menino muito inteligente, querido e que foi diagnosticado com autismo quando estava quase completando três anos de idade, período em que também começou a frequentar a APAE em Vacaria e onde hoje recebe atendimento individual especializado.
Felipe nasceu no tempo normal, com nove meses, e até completar um ano e três meses de vida, não apresentava problemas em seu desenvolvimento. Porém, as poucas palavrinhas que tinha aprendido até então, como “mãe e pai”, pararam de sair de sua boca. Foi quando Patrícia o levou em vários pediatras, que alegaram ser apenas barda e manha da criança.
“Não satisfeita com a situação, levei-o em Caxias do Sul para uma consulta, e foi lá que o especialista apontou a possibilidade de autismo. Fizemos vários exames e assim que retornei, comecei a ler e pesquisar tudo sobre o assunto. Notei um despreparo enorme dos profissionais que atenderam meu filho anteriormente, pois poderíamos ter descoberto e dado início aos procedimentos muito antes”, desabafa a mãe.
O pré-adolescente hoje tem onze anos, não possui linguagem verbal, mas tem a compreensiva, pois aponta tudo o que quer e conduz sua mãe e pessoas de seu convívio, até se fazer entender. Seu grau de autismo é considerado leve, pois não é agressivo e tem uma boa coordenação motora, já que caminha e corre perfeitamente.
Outra informação importante sobre Felipe, é que ele é muito inteligente! Adora tecnologia, utiliza computadores, celulares e outros eletrônicos como ninguém. “A minha preocupação é que ele não tem limite e só quer ficar mexendo nessas coisas o dia todo. Por isso preciso ter pulso firme e colocá-lo em outras atividades, para estimulá-lo a desenvolver mais habilidades”, conta a mãe.
Felipe, que não frequenta a escola regular, deixou de usar fraldas durante o dia há três anos, mas só há cinco meses parou também com o uso de fraldas para dormir. Apesar de não gostar muito da socialização, ele acompanha sua mãe em todos os lugares, o que gera alguns olhares desconfortáveis de preconceito. Patrícia está grávida, esperando mais um filho de seu segundo casamento, e por esse motivo já enfrentou perguntas indelicadas e de mau gosto.
“Tu é louca de engravidar! Foi planejado? Já pensou se vem especial de novo? Esses são apontamentos e questionamentos recorrentes que sempre respondo da mesma forma: não me preocupo com isso e se vier especial novamente, vou cuidar com o mesmo amor”, afirma.
O irmão mais velho já se prepara para receber o maninho que está chegando. Todo dia pela manhã, Felipe levanta e olha o berço, para certificar-se de que seu irmão ainda não chegou e que ele não perdeu nenhum detalhe dessa espera. Patrícia acredita que essa convivência entre os dois, vai fazer muito bem e trazer responsabilidades para Felipe. Outras pessoas que também auxiliam atualmente em seu desenvolvimento social, é seu irmão Henrique, por parte de pai, e seu padrasto Diego, que com paciência e carinho, ganharam o coração de Felipe.
Essa mãe exemplar e dedicada, acredita que a troca de informações sobre esse assunto pode ser o ponto chave para diminuir o sofrimento de outras pessoas ao descobrirem algum familiar com o mesmo transtorno. Por isso, ela participa de um grupo online de mães, que expõe suas preocupações e dúvidas diárias, e solucionam seus problemas ao ouvir as experiências das outras.
“Sou grata primeiramente a Deus, pela benção de me dar um filho tão amoroso e carinhoso. Sempre estarei caminhando junto dele para alcançarmos nossos objetivos. Agradeço a minha família por me apoiar sempre que preciso, por nos aceitar e nos entender. Agradecimentos também vão à Adriana e Cida, Diretora e Vice Diretora da APAE, à Heloisa Ferreira, professora, além da Maria Teresa Guazzelli, pediatra, e Fabiana Fonseca, dentista. Sem o entendimento e ajuda delas, não seria possível dar todos os tratamentos que meu filho precisa e merece. Sei que o Felipe, do jeitinho dele, agradece a todos por isso e que lá na frente ele me agradecerá de uma forma única e especial”, finaliza Patrícia.